"SOLUÇÕES CRIATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIDADES"
ACUPUNTURA URBANA por Jaime Lerner
Eu sou muito fã desse cara, sabe por que? Porque ele pensa a Arquitetura e o Urbanismo como devem ser pensados, "no coletivo". Arquitetura é para isso, resolver questões de conforto, usos, funções, para o próximo, para o ambiente, para a cidade, para o coletivo!
Segue abaixo, o texto do site dele, que resume o que penso, e no que gosto de trabalhar:
SOLUÇÕES CRIATIVAS PARA O DESENVOLVIMENTO DE CIDADES !!!
“Minha experiência profissional me ensinou que “cidade não é problema, cidade é solução”.
Portanto, temos que mudar as lentes negativas com as quais vemos as cidades para outras positivas e focar no incrível potencial transformador que elas abrigam.
A premissa fundamental da minha concepção de cidade é que devemos vê-la como uma estrutura integrada de vida, trabalho e mobilidade, juntos.
Para melhorar a qualidade de vida nas cidades e a relação delas com o meio ambiente, três questões fundamentais devem ser abordadas: sustentabilidade, mobilidade e solidariedade.
Morar perto do trabalho ou trabalhar perto de casa é um dos princípios da sustentabilidade.
Reduzir o uso do automóvel, separar o lixo orgânico do reciclável,dar múltiplos usos durante 24 horas por dia para os equipamentos urbanos, economizar o máximo e desperdiçar o mínimo.
Sustentabilidade é uma equação entre o que é economizado e o que é desperdiçado.
Quanto mais se economiza e menos se desperdiça, mais sustentável é a equação.
Em termos de mobilidade, cada cidade deve utilizar da melhor forma possível todas as modalidades de transporte que tiver disponível, sejam na superfície ou no subsolo. A chave reside em não ter sistemas competindo no mesmo espaço e usar tudo que a cidade possui da maneira mais efetiva. O sistema de superfície tem a vantagem de, com as características adequadas (tais como faixas exclusivas, embarque pré-pago em nível e intervalos curtos), atingir um desempenho muito similar ao do metrô por um custo acessível a praticamente todas as cidades, com uma implantação muito mais rápida.
Uma cidade mais saudável é aquela onde o carro não é a única alternativa confortável de transporte; onde a energia de deslocamentos desnecessários é economizada; onde o caminhar pelas ruas, parques e avenidas é encorajado.
Cidades são o refúgio da solidariedade. Elas podem ser as salvaguardas das consequências desumanas do processo de globalização; podem nos defender da extraterritorialidade e dos efeitos da perda de identidade. Por outro lado, as guerras mais ferozes estão acontecendo nas cidades, nas periferias marginalizadas, no confronto entre guetos ricos e pobres.
Uma cidade deve promover em seu território a integração entre funções urbanas, níveis de renda, faixas etárias, etnias. Quando maior as mistura, mais humana a cidade será. Sociodiversidade é a chave para a coexistência.
Finalmente, a cidade é um sonho coletivo. Construir esse sonho é vital. Sem ele, não haverá o envolvimento essencial de seus habitantes. Portanto, aqueles responsáveis pelos destinos da cidade precisam desenhar cenários claros – cenários que sejam desejados pela maioria, capazes de motivar os esforços de toda uma geração.
Como a consolidação desses cenários tende a acontecer no médio e longo prazos, deve haver ações imediatas para impulsioná-los, para criar entusiasmo e sinergia.
Inovar é começar. É aí que a ideia de “Acupuntura Urbana” entra: intervenções estratégicas pontuais que criam uma nova energia e ajudam o cenário desejado para a cidade a se consolidar.
A “Acupuntura Urbana” pode revitalizar uma área “doente” ou “degradada” e seus arredores através de um simples toque em um ponto chave. Assim como a abordagem médica, essa intervenção irá desencadear reações em cadeia positivas, ajudando a curar, a melhorar todo o sistema.
Muitas cidades hoje necessitam de acupuntura urbana porque negligenciaram suas identidades culturais; outras porque negligenciaram suas relações com o ambiente
natural; outras ainda viraram as costas às feridas deixadas por atividades econômicas.
natural; outras ainda viraram as costas às feridas deixadas por atividades econômicas.
Essas áreas negligenciadas, essas “cicatrizes” são precisamente os alvos das acupunturas.”
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Jaime Lerner
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